segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A Educação no Primeiro Setênio - parte I


                   O nascimento marca a união definitiva entre o corpóreo e anímico-espiritual do novo individuo. Ao longo dos primeiros anos de vida, corpo, alma e espírito formam uma unidade na criança. Nessa fase, o corpo etérico constitui o elemento mais importante, pois ele atua plasmando, formando o organismo a partir da cabeça e pouco a pouco se estende para o corpo inteiro. É só gradativamente que está unidade se desfaz, enquanto isto, a criança está entregue a seus processos vitais (alimentação, metabolismo, sono, movimento descontrolado). Por esse motivo, ela é insciente e permeável à todas as influências do mundo ambiente, como uma esponja que tudo absorve. Isso significa que ela é um grande órgão sensório e que os processos vitais e outros impulsos interiores se transmitem para fora num fluxo volitivo ininterrupto.
                
               “A PERMEABILIDADE DA CRIANÇA AO QUE SE ACHA EM SEU REDOR É UM FATO QUE TODO EDUCADOR DEVERIA CONHECER E LEVAR EM CONTA”. Quanto mais inconsciente, mais a criança absorve o que acontece ao seu redor, inclusive o caráter e os sentimentos das pessoas que a rodeiam. Tudo a penetra e é absorvido pelo corpo etérico. Este por sua vez, esta plasmando o corpo físico, seus órgãos. As influências externas exercem, portanto, efeitos profundos sobre a organização física e psíquica da criança que se farão sentir sobre toda a vida futura deste ser. Essas influências abrangem desde o aspecto do quarto, com móveis e adornos, até os pensamentos e sentimentos das pessoas que lidam com a criança. Tudo está atuando sobre ela.

                Em sua inconsciência, a criança IMITA o que percebe, desde seu comportamento, modo de falar, maneiras à mesa, gestos até padrões de pensamento. Mais tarde, quando a imitação se tornará mais consciente, a criança imitará a mãe em seus afazeres domésticos, brincará de vendedor, de médico, de família, num impulso irresistível para imitar.

                É um crime destruir esse seu pequeno mundo por meio de comentários irônicos ou interrupções intempestivas, pois essa é realidade que a criança vive.

                Sabendo que a imitação e o exemplo são os motivos básicos de todo o comportamento infantil, o educador tem em suas mãos a chave de ouro para realizar sua tarefa. Não é, pois, por meio de preceitos morais e explicações de toda espécie que se educa a criança pré-escolar, mas sim, por meio da IMITAÇÃO, pelo exemplo e pelo ambiente. A própria maneira de falar e pensar da criança baseia-se na imitação. Os pais que desejam ver seus filhos falarem corretamente deve começar a falar corretamente em sua presença. INSCONSCIENTEMENTE, A CRIANÇA ESPERA DOS ADULTOS QUE SEJAM MODELOS EM TUDO.

                O adulto deve trabalhar constantemente sobre si mesmo a fim de eliminar unilateralidades, falhas ou excessos que possam ter efeitos negativos sobre seus educandos. O que a criança deveria ter em primeiro lugar é um ambiente cheio de carinho e amor. Assim como o leite materno o protege o recém-nascido contra a substancialidade, a figura materna protege-o contra a frieza do ambiente, dando-lhe aconchego e calor.

                Se as impressões acontecem de fora para dentro, o fluxo da vontade na criança vem de dentro para fora; sem barreiras nem inibições ela exterioriza o que se passa em interior: gestos, mímica, a passagem do choro para riso e vice-versa, o prazer de correr, subir em árvores, de escorregar, etc. tudo isto demonstra a força irresistível de impulsos motores que merecem o nome de VONTADE. A criança pequena é um ser no qual prepondera a vontade e isto é o que o que conduz a criança a movimentos e a conquista do espaço. Ela se ergue, anda, equilibra-se, aprende a usar seu corpo pulando, correndo, engatinhando, subindo em cadeiras, mesas, árvores, ELA TREINA INCANSAVELMENTE SEU SISTEMA MOTOR. Percebe-se este fenômeno no desenho infantil, rabiscos retos ou circulares, oriundos da motricidade de suas mãos, para onde converge a vontade contida no corpo inteiro.

                ESSE DINAMISMO NÃO DEVE VIÇAR. O educador nunca o inibirá, mas o conduzirá pouco a pouco a regularidade rítmica que se assemelhará a uma respiração composta de sístole e diástole. As regularidades ao longo do dia como horário rítmico para jogos, refeições, descanso e pequenas cerimônias, HARMONIZAM A VONTADE que, sem isso, tende a ficar caótica.

                O adulto que só valoriza atividades intelectuais tende a desprezar a infância, considerando-a como uma fase preparatória, de brincadeira e de vida irresponsável. Ora, em seus primeiros três anos de vida a criança aprende mais do que em todos os seus estudos acadêmicos (Jean Paul). Se pensarmos apenas no andar ereto, no falar e no pensar, conquistas que a criança realiza antes do término de seu terceiro ano de vida, temos que é o aprendizado que dá fundamento a existência humana, em oposição a vida animal e, essas três atividades só podem ser aprendidas em contato com outros seres humanos. 

Fonte: A Pedagogia Waldorf - Ruldof Lanz

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